No íntimo da formação de sua unidade lexical, a palavra Andrógino, referia-se a pessoas que não aludissem aos papéis de género habitual. A palavra servira como um significante ao termo bicónico dos seres transexuais. Ao longo do tempo, o termo foi mudado para descrever alguém que possuísse atributos tanto masculinos quanto femininos, invariavelmente. Então, com essa interpretação de corpo mais contemporânea, podemos perceber a androginia como a formação do ideal coetâneo: Aqueles esqueletos que lutam por ter os mais pontiagudos ombros, difíceis de se determinar se são meninas sem curvas ou um rapazes muito magros, são a nova moda do momento e torna-se talvez redundante afirmar com tantas explanações acerca disto por ai.
O termo andrógino, também conhecido como unisex foi discutido em uma coluna do NYT por Harold Koda, diretor de MoMAs Costume Institute, onde ele fala o quão "pueril" e juvenil se deve ser para adotar a "bissexualidade" que se parece afirmar. Na verdade, acho que assexualidade nesse caso é a melhor definição, mas a questão é se precisamos de mais uma palavra para classificar o novo "tipo" humano que se formou, tornando-se já sinônimo de joventude legal. O que é bonito no momento, é senão falar de arte como um leigo metido a culto, experientar coisas aliscinógenas junto a anorexígenos.
Aplicando melhor a idéia incial do termo, hoje seria tal como se referir-nos a uma garota que não veste mais as curvas antes biologicamente colocadas, ou aos homens que já andam pelas ruas de Paris vestidos como mulheres. Hoje as garotas mais "antenadas" na moda descobrem dia após dia, que ter seios e quadris grandes é sinônimo de estar "Out" do mundo fashion. E o que foi um dia atraente tornou-se à estética ditada em editoriais e passarelas, um abuso aos olhos e ousadia que serve de pretesto a discriminação.
Bem lembro que quando era adolescente, a minha maior vontade era ser como as mulheres das pinturas clássicas; brancas, fofas e delicadas, como se mais singelas fossem as curvas corporais por mais que robustas. Então, logo descobri no meio em que me encontro, uma aversão aos padrões que funcionaram só na minha cabeça além da era medieval e renascentista.
Lógico que qualquer mulher quer ser considerada bonita, e eu não fujo a nada nessa busca por uma morada da alma no mínimo agradável aos olhos. Mas exatamente por estar vendo a obceção por corpos aparentemente pré-púberes e dolentes, decidi falar um pouco da estranha concepção que adotei sobre as modelos.
Voltando ao lado pessoal, acho que um dia desses posto uma foto de um bom exemplo que exalto sempre que posso, quando relaciono beleza a personalidade e caráter, e não a pouca consistência corpórea. Minha irmã Ana Kássia é como a Deusa Ácate, que exala beleza pelos olhos e sorriso. E sua pele alva, tanto quanto a tez rosada, são aditivos a explêndida aura cor-de-rosa que a acompanha. Não menos bela que as belas das revistas, e muito inverso a isso, possui sei lá, seus quilos a mais e ainda segue como uma pintura clássica, cheia de delicadeza e sex-appeal.
E então, com uma prova de que a beleza constitui-se de algo mais interno e nunca da falta extrema de saúde, decidi hoje reavaliar alguns pensamentos sobre o valor de uma dieta ou da consciencia existencial.
Longe então de conseguir escrever algo deveras substancial, após entremear diversos contextos, decidi exemplificar aquilo que no início identifiquei como o modelo (andrógino) do momento (pessoas "difíceis de se determinar se são meninas sem curvas ou um rapazes muito magros") com imagens que lhes mostram a vivacidade do tema: as fotos acima são do modelo australiano Andrej Pejic. E não preciso dizer mais, sure?