The Rose Period

Há exatamente um ano atrás, em Dezembro de 2010, eu estava completamente apaixonada por Van Gogh e suas nuances impressionistas. Conforme o tempo passado, continuo fascinada por cores, por tons, por arte e expressão. Porém, neste ano de 2011 acho que estive um pouco mais contida com as  minhas experiências e curiosidades quanto a assuntos que realmente me inspirassem reflexões profundas.

Na verdade, que ano é este em que eu me senti mais presa a mim do que ao que amo?... Bem, procurando voltar ao meu movimento costumeiro, fiz estas fotografias inspirada na paixão de Picasso, buscando minhas divagações filosóficas relacionadas com a roupa em um simbolismo metafórico.

Redescobrindo o valor da expiração, pensei em uma forma contemporânea para o Período Rosa do cubista Pablo Picasso. Isso porque, em estado de delírio, percebo como a vida nos sugere duas formas simultâneas de ver as coisas, bastando a nós escolher de que lado ficar. Há sempre duas formas de interpretação. Eu, sinceramente, acredito que por-me a frente da perspectiva positiva tem sido uma escolha das mais felizes –apesar de difícil também.

O estado mental nos impulsiona, move ou prende, beneficia ou prejudica, permite ou repreende. No meu caso, em maior parte do tempo estou no lado azul das coisas, porque sou tímida e séria. Porém, ao ver a vida passar tão depressa, a faculdade ao fim da linha, as oportunidades que surgem e morrem com igual ferocidade, tenho buscado a libertação de muitos medos, ânsias, fremitudes, desistências, amarguras...

Bem como Picasso que, ao sair de um Período Azul (ele utilizou essa paleta ao saber da morte de seu amigo Casagemas), entrou em um momento de expressão intensa da cor do amor, eu estou entrando em um estado de espírito que evoca um quer que seja ou uma erupção de paixões, assim vontando a minhas crenças, rebuscando minhas maiores inspirações, minhas realidades e memórias, minhas raízes, minha religião, se é que assim posso dizer...

A arte tem uma maneira misteriosa, espiritual e às vezes simplista de inspirar as pessoas, quer seja consciente ou inconscientemente. Eu tento me educar, tanto quanto possível e encontrar a inspiração expontânea que me ajude a motive a ser um ser mais criativa e humana.

Pablo Picasso adentrou em seu Período Rosa ao iniciar um possível relacionamento feliz com Fernande Olivier. Essa relação tem sido sugerida como uma forma de expressão em suas produções pictóricas daquele momento, e nada mais justo, pois como diria Chico Chavier (e o Cazuza também, se o preferirem), “Tudo é amor!”.

Uma vez li esta frase em um livro espírita e fiquei impressionada com sua veracidade após a breve explicação do autor, que mencionava paz, respeito, compreensão, amizade e verdade, como se fossem todos ingredientes para uma vida saudável, resultando sempre no amor mesmo os sentimentos de ciúmes quando impelidos por uma onda brutal de sentimentos mistos.

“No mundo nada mais existe a não ser o amor. Qualquer que ele seja.” Pablo Picasso

Outro dia, ao buscar pensamentos de Picasso ou algo que me permitisse compreender melhor suas sensações pré-pictóricas, deparei-me com escritos que verdadeiramente me assustaram, tamanho o grau de intimidade que eu tinha para com eles. Tanto sobre aquela minha tal timidez, quanto ao medo, quanto a maturidade, quanto a minhas horríveis desistências, encontrei palavras que me confortaram e melhor: abriram os olhos, empurraram do chão os pés ou os puseram lá –não sei bem. Acho que ‘permaneci dormindo até aos vinte e um anos’, e só agora acho que desperto para a vida...

Parece um pouco dramático, mas eu acho que o meu período azul durou tempo demais para eu ainda pensar que combino bem com o silêncio. A vida é uma responsabilidade grande e a nossa obrigação é fazê-la da forma mais repleta de sentidos. Não quero mais me calar ou prostrar, pois sou sobretudo amor por dentro. Como disse Picasso, "A ação é a chave fundamental para todo o sucesso”. E isso me permite fazer uma ligação direta com aquela frase clássica: “A felicidade é uma escolha”.

Pois bem, eu nunca tive medo de inventar... O que eu costumo fazer é apenas reprimir os meus sentidos. Mas tudo o que existe em mim existe também na natureza e minha vida começa agora, surgida com uma variância tremenda da cor que eu menos gostei durante a vida e agora declaro: Este é o meu Período Rosa.

Fotografado por: Renáh Azevedo;
Inspiração: Período Rosa de Pablo Picasso (1904-1906)