Ontem a convite da professora Simone, da matéria de Literatura e Oralidade, fiz uma apresentação sobre Estética e Análise dentro do campo de Memória, convívio e Identidade, focando os aspectos pré-históricos da arte e correlacionando isso a contemporaneidade. Alguns alunos participaram expondo dúvidas e interagiram comigo durante a minha aula e no fim alguns me agradeceram (vocês têm noção do que é ouvir de alguém um "obrigada" seguido de um sorriso, por lhe ter ensinado algo? pois é... parece que a gente fica leve e há milhares de sorrisos de satisfação borbulhando por dentro).
Fiquei muito feliz em saber que pude mudar o pensamento de algumas pessoas, de forma que agora tornar-se-ão mais abertos a buscas históricas e conceituais antes de criticar uma obra de arte. A sensibilidade sobre as imagens é um valor construído de acordo com sua inserção e perspectivas.
Quando se trata de arte, é normal que em pleno século XXI as pessoas ainda estejam amparadas pelo conceito de Mimese para julgar uma obra. Mas como no apice do movimento pós-modernista esse conceito que busca uma "arte que imite a realidade" ainda é tão fixado na cabeça das pessoas?
O movimento modernista teve seu início em fins do século XIX e a partir daí o artista se tornou autônomo, livre das exigências do cliente. O objetivo da arte não era mais imitar, mas criar espaços, inventar recursos, analisar cores e formas, criticar e inovar com formas de representação que diluiam as imagens convencionais deixando inclusive a marca do abstrato, do subjetivo, do sentimento.
O movimento moderno trouxe a tona uma verdadeira festa dos sentidos, onde a nova arte se destinaria a estimular a relação entre aobra e o receptor, a partir dos mecanismos de percepção. E se estamos já quase dois séculos a frente, como ainda há quem queira ver o classicismo inperando? É lógico que o ser humano busca auto-análise, busca identificação com tudo ao redor para assim sentir-se acomodado. Exemplo disso é claro quando a humanização de animais e objetos aparece com frequência em quaisquer meios de comunidação: desenhos infantis, brinquedos, propagandas, filmes, etc.
O homem, na busca por compreender sua própria natureza cheia de complexidades, ainda não é crítico de objetos que inquerem maior contemplação. Mas isso não quer dizer que não gostem da obra. Podem vir a gostar de um quadro abstrato se de alguma forma se identificarem com as formas geométricas ou com os blocos de cores.
Na última semana retomei uma leitura que iniciei já faz um tempo e parei pela metade. O livro "Teorias da Arte Moderna" de H. B. Chipp traz algumas cartas de grandes nomes da arte moderna que contaram sobre seus estudos e teorias através de cartas para amigos ou parentes.
Li uma vez mais as cartas de Van Gogh, um pós impressionista que não parecia se adequar ao momento em que vivia e foi incapaz se auto subsidiar ou ser compreendido em suas técnicas de expressão. Hoje, passados muitos anos de sua morte, ele é considerado um grande pintor do passado. Mas por que e por quem? Maior parte da população sabe seu nome decor e não sabe sequer o que foi o movimento impressionista. Como pode alguém julgar uma arte sem conhecê-la? É o que chego a pensar repetidas vezes quando olho ao meu redor. O meu quarto é cheio de quadros e livros espalhados e quase não sei do trivial...
Hoje é domingo e minhas fotos têm como fundo as imagens pictóricas de Van Gogh, um artista da Luz. Ótimo dia a vocês!! ;*
Sequência de Fotos:
1 - Óculos: Chilli Beans
2- Sandália: Via Uno (linda, mas muito desconfortável)
Sequência de Imagens:
1 - Starry Night - Van Gogh + Foto;
2- Shoes, Vincent van Gogh, 1888 + Foto dos sapatos do Fotógrafo 2011;
3- Soleil- Vincent Van Gogh + Foto;
4- Circa Art, Vincent Van Gogh.
Fotos: Renah Azevedo
Efeitos: Clara Campelo