Tenho medo de gente, tenho medo de altura, tenho medo de morrer tragicamente, tenho medo de banheiro público, tenho medo de ser uma artista frustrada e também tenho medo de falar as vezes... Eu tenho medo de várias coisas, mas a que está me deixando mais angustiada ultimamente, é o medo de que as pessoas tenham percebido (ou não) a ausência das minhas verborragias aqui pelo ZebraTrash. Na verdade é meio que uma mistura de medo com vergonha, por não ter vergonha na cara mesmo. Eu sei que fica cada vez mais claro que eu estou virando uma chata -sem galocha e- sem criatividade. Mas depois de um tempão sem escrever, eu andava definhando pelos cantos, sabendo que a minha decepção era comigo mesma.
Acho que a gente escreve quando as coisas transbordam. E as coisas não tem transbordado muito pela minha vida, por conseqüência de uma bola de neve que se formou com o atribulado ano de 2011. Tá! Eu sei que já passamos da metade de 2012, mas o ano passado me deixou tão cheia de dúvidas e medos, que quase me transformou em outra pessoa. Mudanças na vida familiar e acadêmica, trabalho incerto, tapas na cara, depressão 'pós-motivoalgum' e um monte de outras bobagens que me influenciaram a ficar ainda mais calada e passiva -ai, como eu odeio essas características.
Pois é que na verdade, para mim, quando as coisas não estão ligadas no 80 não valem muito a pena. Essa fase de fim de curso (e são 2 ao mesmo tempo) me deixa em estado de alerta vermelho e eu acabo criando uma capa de tranquilidade tão mentirosa quanto meus dedos estáticos. Fico ligada no 8. Acabo não valendo a pena, não rendendo. Estou quase entediada em ter que me podar, e confesso que estou muito preguiçosa também. Eu até tive tempo de escrever -e olha que eu sou paga pra isso-, mas parece que a minhas idéias se enrolavam formando um nó como trezentos e setenta e cinco 'oitos', assim, infinitos...
Alguma coisa não me deixou nem pensar no que escrever. E a culpa desse vazio é minha mesmo! Antes eu conseguia escrever porque não ficava horas de cara pro computador, antes eu saia pelo menos uma vez na vida pra visitar meus amigos e sabia dizer as coisas com maior linearidade e coesão, eu sabia ficar arrepiada lendo um livro do inicio ao fim, eu sabia fazer leituras de paisagens, eu sabia sair correndo para o nada no meio da noite sem nem cogitar o arrependimento...
Ontem eu li um post no blog da Ojana Coutinho (obrigada Ojana! ;) falando sobre o Zebra Trash, meu estilo e meus textos. Fiquei super emocionada em saber que alguém ainda se dá ao trabalho de buscar algum texto meu pra ler. Além disso, adorei a montagem que ela fez usando a frase da moda "Keep Calm and". Tomei até a liberdade -ou melhor, atitude- de me dar um tapa na cara depois de ler a mensagem. O termo trashion era pra expressar a minha inconstância, o meu lado brega, o meu lado podre, o púdico e o vazio também: o meu silêncio. Eu não posso mesmo me estabilizar no 8 se o que me mantém na linha da (in?) sanidade é o 80.
Acho que esqueci que existe vida e que ela é cheia de declives. Por me cobrar demais, eu acabei me esvaziando. Sem paciência pra ouvir críticas, sem paciência pra me olhar no espelho e admitir que estou dez quilos mais gorda depois da minha primeira depressão de 2011; sem paciência pra deixar de me odiar por não estar sendo a Clara que eu queria ser. Deixei meus medos pequenos me tomarem o corpo todo. E foi uma loucura... Mas eu vou sair dessa ressaca. Afinal, sexta feira que é dia de encher a cara e curtir a vida. Talvez eu comece hoje a minha antiga-nova fase Trashion 80's (Because I don't want to keep calm!). Agora, depois dessas oitocentas toneladas de letras saindo de mim, eu sei que já posso voltar ao modo trash-on.