25 de abr. de 2018

Reflexão do dia - Sobre as nossas contradições



Houve um tempo, eu me lembro, em que alguns amigos começaram a se incomodar com o meu “blog”. Parece estranho, ao contar para alguém que só me conhece pelas redes, que as pessoas próximas não concordavam com aquilo que eu fazia, mesmo não havendo uma repercussão negativa.

Eu também não gostava de ser contradita por aqueles que me cercavam. Mas eles me conheciam muito bem à ponto de ver que aquilo tudo era o extremo oposto de mim.
Os meus amigos, eu acredito, não eram contra a expressão, mas provavelmente contra a virtualização dela.

Eu sempre tive problemas de socialização e limitações inacreditáveis para me relacionar e expressar verbalmente. Sempre busquei exprimir meus pensamentos através da escrita e os poucos que chegavam até mim eram os únicos contáveis dentro da minha convivência.

Então de repente eu criei um blog, tinha 5 mil amigos no Facebook, fanpage, fui elencada entre as 99 blogueiras do mundo em um livro publicado na Inglaterra e era convidada pela TV local para falar de moda. Como isso poderia condizer com uma pessoa que nem tinha coragem de olhar nos olhos do outro dentro de um diálogo, caminhava olhando para o chão e falava para dentro?

Eu sei muito bem a resposta... hoje mais do que antes! Mesmo que atualmente aqueles amigos tenham se afastado, eu sei que também aprendi com eles. Porque eles queriam que a mudança acontecesse dentro de mim e na vida real antes de alcançar esse mundo de redes, tão cheio de “falsas verdades”, tão cheio de photoshops, tão cheio de filtros.

O que as pessoas não aceitam é a contradição!



Mas todos nós somos um pouco de tudo lá no fundo! Porém cada um expressa mais aquilo que escolhe - muitas vezes inconscientemente.
Alguns, como eu, não são só um pouco tímidos: aplicam a energia do corpo inteiro nessa pesada luta contra si mesmos. Outros, ao contrário, sentem a necessidade de expressar-se e interagir constantemente com o outro... mas se você perguntar para essas pessoas, individualmente, ambas as personalidades vão dizer que se sentem espontâneas e tímidas, respectivamente, em algum momento, em alguma situação.

Então, na verdade, nós não somos contraditórios. Nós só não somos equilibrados o suficiente entre todas as coisas que podemos ser -e somos. Nós só não somos estáticos, exatos, extremos.

Expressamos uma coisa aqui, outra ali... a medida que aprendemos e experimentamos, de forma única! Tanto que cada um terá uma percepção diferente ao nos ler/ observar/ ao conviver/ ao julgar - e vice versa.
Eu mesma, sou tão boba e doce com minhas paixões e tão cheia de barreiras com as relações rasas. Alguém também deve se sentir assim!

Houve um tempo, naquele tempo em que meus amigos não concordavam que eu poderia ser espontânea de algum modo... “que eu não era fútil o suficiente para falar sobre moda”, que eu queria gritar diante da repressão! {e o que afinal eles queriam dizer com a palavra fútil? Sobre que ponto de vista eu o era ou deixava de ser?}

Eles diziam: “esta não é você!”
Mas era eu. Uma eu Forte, decidida, colorida! Mas também indecisa, passiva, monocromática. Na vida real ou na vista de quem quisesse ler assim. Era apenas uma expressão diferente de mim mesma. Como um espelho que mostra sempre a imagem invertida para quem se vê.

E a minha vontade de gritar foi concedida: O meu grito foi continuar.
E prossigo: porque ser só tímida não me basta. E se foi explorando um outro lado o meu modo de chegar aqui e dizer: “já fui mais introvertida. Já fui mais ridícula. Já fui mais seria!” Eu admito. E aceito até ser considerada "contraditória".

Quem conseguir ser apenas uma coisa está apenas iludido. Quem for exato e perfeito, já pode se considerar morto, porque a palavra perfeição quer dizer feito até o fim. E o finito, eu garanto, não se aplica a mim!!

Que vocês também não aceitem enquadramentos e limitações. Amigo é aquele que alcança a essência sem julgamentos. E nós mesmos podemos ser este tipo de amigo - para nós e para os outros!


Bom dia!

2 comentários:

  1. Quanta verdade. Um alento para muitos corações que se sentem perdidos, confusos, contraditos e etc. Uma forma mais poética/romântica de dizer que podemos ser o que quiser.
    Obrigada por propagar esta ideia. :)

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  2. Essa é a minha Clara!

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