14 de mar. de 2016

The Little Prince



Foi em março, nas primeiras horas do dia 14 (ou teria sido no dia 15?), que eu recebi o pedido de namoro do garotinho dos cabelos lindos, após ter levado um tombo no meio do salão, onde moças, desesperadas por uma garantia de futuro, disputavam por um buquê que -talvez porque eu estivesse mais preparada para o destino do que ansiosa para os planos- caiu nas minhas mãos. Os meus braços, ainda cruzados, precisaram se estender para o chão, onde me jogou uma moça que acreditava que o ato de pegar aquelas flores transformaria a sua vida para sempre.

Eu não tinha mesmo pretensão de pegar o buquê. Estava lá literalmente dirigida pela minha mãe, que queria muito ver sua filha de quase 25 anos, já "encaminhada para uma vida a dois". Mas isso não condizia, exatamente, com as minhas expectativas. A ironia foi ter sido jogada ao chão por causa de uma superstição tola, onde mulheres adultas demonstram que mesmo com a modernidade, as tecnologias e a emancipação de pensamentos de igualdade atingindo os relacionamentos, algumas coisas antiquadas e comprovadamente machistas, ainda iludem o sexo feminino.

Mas eu não vim falar de sociedade. E nem falar contra o casamento. Na verdade eu amo histórias de amor. Porque toda história de amor é triste, como eu mesma escolhi ser, já que nasci romântica. Eu amo histórias de amor, porque a gente aprende desde criança, que o amor é tudo o que a gente deve buscar a vida inteira. E porque toda história tem fim e mesmo com a ferida, o amor fica.

Nesse caso, no dia 14 (ou 15), a história não estava começando. Nem estava na metade. Mas foi quando, decididamente, sentimos a necessidade dizer: meu o nAMORado e a minha nAMORada. Sendo que já estávamos namorando há muito mais tempo. Há mais de um ano, na verdade, nos contactando por whatsapp, sms, chat do facebook e afins, dormindo juntos, nos cobrando certas coisinhas de casal ciumento... Todo esse tempo enrolando para dizer sim ao namoro que, honestamente, já existia dentro da gente. E não sei se era mesmo preciso afirmar a minha vontade. Porque "quando a gente fica vermelho, não é o mesmo que dizer "sim"?"

Por coincidência ou cumprimento da tal superstição de pegar o buquê, eu recebi o definitivo pedido de namoro que me fez a mulher que sou agora. Muito mais certa do que sou e do que gosto. Não porque tenho um namorado. Mas porque tenho O namorado, que me fez viver sem olhar tanto para uma só direção. Me mostrou possibilidades. E com quem, em um ano apenas, já realizei alguns sonhos públicos e secretos. Com quem dividi alegrias e tristezas. E por quem mudei sem a pressão da necessidade. Mas pela simples vontade de lidar melhor comigo e com o mundo.

Fizemos uma relação sem nome, sem data, e sem previsão, até aqui. Porque calados, decidimos que ficaria mais bonito sem um nome. Sem o "meu namorado desde", porque determinar um começo é também esperar um fim. E a intenção do momento é viver um feliz para sempre, sabe? Então a gente não deu nome as coisas. Não deu apelidos, não criou uma data para comemorar nossa junção. Não deu um ao outro a promessa de fidelidade. Não deu a garantia de que amanhã estaríamos aqui. Porque, na verdade, tudo já estava subentendido. Podemos estar a milhas de distância, inclusive. Mas o amor não tem morada, se não no nosso peito.

“Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe", não é mesmo? Então o meu príncipe foi conhecer outros planetas e prometeu me levar em breve. Porque uma flor não pode resistir muito tempo sem cuidados. E eu, agora sem alguns espinhos e com muitas mais frases do livro "the little prince" confirmadas empiricamente, sei por exemplo que "o mais importante é invisível aos olhos", que "nem todo mundo tem amigos", que “É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar aos outros.” e que "nenhuma pessoa grande jamais entenderá que isso possa ter tanta importância!”, pois do nosso amor, a gente é quem sabe...

Será hoje a comemoração de um ano de namoro ou precisamente dois anos, dois meses e quatorze dias que nos conhecemos?! Pouco importa, pois não adoramos tanto assim os números. O meu amor não tem idade ou peso para o conhecimento alheio. Mas é puro e leve, como aquilo que nunca ousei sentir. Que venha a eternidade para nossa vida a dois. E que seja nossa história sempre jovem e madura, como aquilo que fez a fonte da juventude que nos banhou à morada da alma. Amor. Paz. Respeito. Compreensão. Amor de novo. Sempre!

Um comentário: