Enjoy the little things

Nascemos e já somos imediatamente cobertos com vestes. A primeira roupa, aliás, vem cheia de significados e é a partir daí que se começar a traçar a nossa identidade visual: indicando o uso do rosa ou azul para menina ou menino, respectivamente. Com os anos, nossos traços de personalidade começam a influenciar mais na hora de escolhermos o que vestir e nem sempre seguimos com a devida independência neste quesito. Somos pouco treinados a escolher de verdade o que vestir antes de sair, porque temos um padrão pronto estampado nas ruas que nos faz declinar qualquer hipótese de sair diferente quando sabemos que nossas escolhas podem chamar atenção de forma um pouco incomum.

Antes de eu nascer, minha mãe não quis saber qual era o meu sexo, e optou por comprar todo o meu enxoval e roupas na cor amarelo. Talvez venha daí o princípio da minha falta de identificação com tudo o que é feminino ou masculino em excesso. Na realidade, eu sempre preferi muito mais estar no meio termo e ser tratada apenas por humana, porque não queria que me julgassem pelo gênero, e sim pelo caráter.

Mais do que isso, achei que era importante descobrir o que me satisfazia experimentando uma gama de coisas feitas por mim desde criança e até hoje ainda me sinto em uma busca infrene por encontrar um estilo que me defina. Mas com certeza, como vocês podem notar, eu sou mesmo uma metamorfose ambulante,  adoro misturar uma e outra coisa, quando na verdade o que acho que busco é um não-sentido das coisas!

Eu sempre quis ir contra a maré, mas eu não nasci para ser a Lady Gaga e sangrar em cima de um palco. Acabei sendo levada de certa forma pela comodidade de uma cidade pacata e pequena que talvez não compreenda minha língua e ainda assim espere sempre algo estampado nas ruas quando me vê.

Em certos momentos, eu devo dizer, que até me surge uma insegurança quanto ao que vestir porque as pessoas esperam demais. E isso se dá pelas minhas histórias que ficam nas entrelinhas desse blog. É impossível negar que o que vestimos diz muito sobre o que somos. Mas eu nem sempre sou a garota que vai arrasar em cima de um salto alto tamanho duas horas da tarde. E como eu sempre falo, eu uso aquilo que me seduz, que me deixa confortável, confiante e feliz. E quando eu não quiser pentear meu cabelo, espero que vocês entendam: Não estou aqui para seguir as regras e sim para quebrá-las! Se a princípio o título ZebraTrash lhes soou um pouco confuso, perfeito! Aí vocês estão começando a entrar no clima que eu pretendia: o da falta de nexo, o da confusão, porque se vocês pararem pra pensar, sequer a nossa existência faz muito sentido...

Sempre que têm oportunidade, as pessoas me pedem para definir meu estilo (e claro, todos nós temos um estilo) mas eu não posso dizer nada mais do que "sou trashion" porque gentilmente, o destino que reservou um cérebro um pouco ilimitado e uma visão completamente distorcida das coisas. E se somos o que gostamos, o que sonhamos, mas nem sempre conseguimos construir com coerência uma ideia final para tantas impressões, eu realmente devo admitir que construo conscientemente uma incoerência dentro de mim para buscar compreender a relação entre a moda que eu uso e o meu lugar na história (...).

Enfim, o que tenho para hoje é a sapatilha batida, um vestido que usei na última festa que fui e um óculos  Prada Inspired da loja online Romwe. Uma provinha de que a mistura dos estilos pode dar certo de vez em quando (óculos inspirado no estilo barroco do século XVI, vestido de boneca com cintura marcada a la anos 50, bolsa cubo com aparência de retalhos e slipper com Spikes diretamente do Punk Rock.)

Sapatilha: Oasap / Bolsa: Datelli / Óculos: Romwe
Fotos: Renáh Azevedo