Sobre as Intervenções na Rua Pernambuco...

Olá, pessoas! Hoje eu quero falar um pouco sobre o urbanismo da capital do Acre, e sobre as intervenções artísticas que estão cada vez mais presentes nas ruas.

Como bem sabemos, o nosso trânsito tem sido afetado pelo crescimento da cidade que não foi planejada assim como maior parte das cidades brasileiras, para suportar o crescimento automobilístico desenfreado que se estende trazendo péssimas consequências ao nosso solo bem como ao ar e o próprio território em visão global de desmatamento e pavimentação quase já totalizadora. A prefeitura em conjunto com o Detran e a Ciatran têm projetado reestruturações nas ruas e avenidas ao longo de alguns anos, na tentativa de proporcionar mais segurança aos pedestres e motoristas em geral.

No dia 16 de julho foi entregue a mais recente obra de intervenção, que mais do que dobrou a pista da rua Pernambuco, oferecendo calçada e ciclovia. Para esta rua, em especial, quis fazer o post de hoje. Pois, duas características do planejamento me chamaram atenção:

Em primeiro lugar, como estudante de arquitetura e urbanismo e cidadã consciente dos valores ambientais, fiquei muito feliz com a preservação das imensas árvores ao longo da pista que se implantou posteriormente. Frondosas e certamente centenárias, as árvores trazem não só aspectos positivos como a melhoria microclimática e diminuição da poluição, mas também uma beleza inegável e energias naturais maravilhosas.

A esse aspecto ao qual se propuseram os planejadores da alteração do sistema viário, devo salientar, que é uma questão ainda pouco vista em Rio Branco, pois, é expressivamente notável a falta de arborização das nossas ruas. Ao contrário do que se pensa em regiões sulistas, Rio Branco não possui cobras e árvores em demasia, o que me pareceria ainda mais satisfatório do que o calor que junto às causas naturais e geográficas, afetam-nos pela pavimentação talvez não adequada a região e desmatamento irremediável.

Fugindo da crítica e passando então ao meu maior objetivo de hoje, quero falar um pouco sobre as xilogravuras que foram também um aspecto relevante na minha observação. Essa técnica de pintura e entalhamento é milenar, e mais parece com a idéia de carimbo. É de provável origem chinesa, sendo conhecida desde o século VI. No Brasil, os xilografos populares brasileiros, principalmente no Nordeste do país, provêm do cordel.

O artista plástico Dalmir Ferreira fez uma feliz intervenção visual no muro lateral da quadra da Escola Neutel Maia. São xilogravuras na parede que retratam a vida e o cotidiano da vida dos seringueiros.

Como devem saber, a idéia de arte contemporânea conscientizadora me agrada muito. E a linguagem regional que tem se visto nas obras mais recentes, são na minha opnião, bastante vernaculares. Algo que ao meu ver, deve crescer em todos os ramos dentro do estado, pois, somos sem dúvidas, um povo com história e cultura próprias, nossa evolução não precisa se pautar em totalidade por referências em outras cidades brasileiras, tal qual nossa própria independência.

Eu e Renah, quando vimos essas pinturas pela primeira vez, já não nos contemos, e precisamos descer do carro para registrar a atração que sentimos por elas. O Sol da tarde estava a favor dos nossos clics. Notável era a beleza das cores que conseguimos captar nas fotos. Eu fiquei maravilhada com a iluminação natural que nos permitiu o amarelo mais lindo que já vi. Bem propício ao que propunhamos, essas são as fotos mais recentes que temos de algo que conta um pouco da história do nosso passado.

Eu gosto muito dessa abordagem, pois, não podemos nos desprender das nossas raízes, tendo em vista que tudo o que somos hoje, é fruto daquilo que passou -seguindo a linha de pensamento do crítico da Arte Moderna Walter Benjamin, que buscava no contexto de suas obras, entender o presente a partir da compreensão do passado.

Enfim, após a sessão de fotos, fomos a mais um novo estabelecimento que comprova o crescimento do empreendedorismo na cidade, a franquia a pouco tempo inaugurada do Bob's (haha o lendário!).
-Ps: olha o impacto das imagens em ambiente aberto e fechado! A iluminação natural é loucuura.