Eu costumo dizer que o Estilo é indiscutivelmente uma manifestação visual de algumas características mais marcantes da personalidade, independente das tendências de moda. Mesmo que seja construída com o tempo e contenha referências de uma determinada tribo, o Estilo será sempre algo que caracteriza o indivíduo, pondo-o em um plano mais tendencioso a críticas e classificações. Assim, a pessoa que não se enquadra ao padrão de sua contemporaneidade, será sem dúvidas, alvo em maior potencial de preconceitos e olhares no mínimo curiosos.
Hoje mesmo eu postei um vídeo super criativo que concentrava em apenas 100 minutos, cem anos de moda e portanto cem aos de história e aspirações, inspirações e anseios pelos quais passava o mundo durante os períodos vigentes. E baseada no próprio vídeo, pensei em como a moda tem se tornado cada vez mais efêmera, cada vez mais indeterminável, indiscutível, inalcançável. E isso, sem dúvidas, não podia ser nada além de um produto da sociedade, que hoje é mais do que nunca, repleta de informações e poucas surpresas, é linear, cheia de tédio e cheia de gas por agilidade, rapidez, o que torna tudo mais superficial, inclusive a própria forma com que se apresentam visualmente.
Há algumas décadas, quando infelizmente nem mesmo minha mãe pensava em nascer, a moda refletia de fato um coletivismo, um gosto absoluto que não era apenas material, mas exalava a expressão de quereres, ideologias, de um processo cultural, de um histórico construído pelos próprios produtores do estilo que se repetia.
Na atualidade, são tantos os tipos e cada vez mais individualistas as pessoas que os representam, que a moda virou um pouco como uma piada. Quem fala de moda é quem cria tendências, salvo as pouquíssimas blogueiras que não reproduzem passarelas, mas se tornam autoras de críticas sobre a vida real e sobre quem de fato utiliza as peças que o mercado oferece.
Eu sempre ouço definições cômicas sobre o meu modo de vestir. E digo que são cômicas pois nem mesmo eu penso em me classificar como o fazem, e as vezes soam estranhas a mim as denominações que ouço pelas ruas ou em dialogos primeiros. Algo como "a alternativinha" ou "a garota anos 20", "a garota anos 60", "a garota vintage", são alguns dos termos que ouço além de frases como "as vezes não parece você naquelas fotos". E bem, o que será de mim, senão essa metamorfose, esse jogo de busca pelo look perfeito para o meu dia sem me importar com o que será de espantoso a outrem o visual que eu incorporar? Se todos no mundo me parecem superficiais e duvidosos, porque então me contentar em ser uma Clara apenas, com uma roupa engomada, usando a modinha de lata, que já vem pronta para vestir? São as minhas apreensões que me pedem um pouco de expressão visual, visto que minha voz geralmente é inaldível.
O post de hoje é como um grito e como um balbiciar ao mesmo tempo. É a intenção de um gancho para que se pense a moda e o conceito de estilo, sem que eu realmente os determine. Para exemplificar isso, mostro a vocês como é expressiva a diferença que faz a 'forma' de usar determinadas peças. Acima, tenho fotos que tirei com praticamente a mesma roupa do post
"Look do dia" passado (clique para ver). O mesmo macaquito, a mesma meia calça, o mesmo óculos, o mesmo lenço, a mesma bota, porém, com um único diferencial de uso: o turbante e a franja.
Inspirada nas garotas Pin Ups, fiz um super topete frontal montado com o próprio cabelo e uma amarração. O que trouxe um ar imponente e deixou o look menos sério, porém mais caricato. Essa, portanto, pode ser uma base 'visual' para a o conceito de estilo ou personalidade, pois, o papel das passarelas, na atualidade não será nada mais do que uma indicação, um conjunto de idéias que você pode ou não se apropriar, e você será livre para dar seus toques pessoais as suas produções reais. Afinal, a moda em suma, é a gente quem faz diariamente. A liberdade acontece, as possibilidades estão aí. Basta aquilo que eu chamo de 'coragem' para se mostrar ao mundo como se quer!
Tenham um ótimo dia!