Uma vez me disseram que eu deveria expor o meu problema para que as pessoas se fizessem mais empáticas e me recebessem de modo menos crítico. Sem saber que não era tão fácil e "real", eu ouvi o conselho e acabei perdendo as contas das vezes que senti a necessidade de dizer: “
Desculpe, eu sou tímida”. Passei tanto tempo precisando me justificar para os outros por não saber lidar bem com situações “comuns” aos grupos sociais -mas nem por isso fáceis para minha confusa mente- que cheguei ao ponto de me odiar e acreditar verdadeiramente que não era boa o suficiente. Enquanto isso, a imagem que eu passava de antipática, antissocial, metida, arrogante, estranha, já estava bem fixa para muitas das pessoas que me rodeavam e conviviam sem substancial interação.
É possível que muitas crenças me bloqueiem, é óbvio que eu não desenvolvi, como muitos aprenderam na infância, a superação daquela primeira barreira que acontece ao ver um conhecido ou desconhecido na rua e simplesmente demonstrar-se presente com uma palavra ou um gesto. Não treinei o suficiente para ser aquilo que todos esperavam: acessível, simpática, clara e sociável. Mas nestes tantos momentos comigo mesma, a busca por compreender minhas apreensões e os anseios do mundo externo, assim como a realização dos meus passos sedentos por expressão, me possibilitaram descobrir que não adianta me justificar, pois a ação é o que realmente conta nesse intenso e imediato modo de viver contemporâneo.
O mundo é feroz com quem não segue a linha e a competitividade não é só no campo do trabalho, mas
em todas as relações sociais; nos estudos, na academia, na TV, na vida toda!
Já ouvi muitas vezes que não pareço tímida e a última vez que me disseram, veio seguido de: “
se fosse tímida, ainda estaria na casa da sua mãe e não morando sozinha do outro lado do mundo”. Essa afirmação, tão convicta como se me lesse sem pestanejar, mas tão superficial e rasa como todas as outras já recebidas, me fez -uma vez mais- concluir que as pessoas não ligam de verdade se você tem uma limitação: elas se contentam com aquilo que “
PARECE”, o que aparenta ser... a típica “primeira impressão” ou até segunda, terceira, décima... pois este é o mundo em que se você é normalmente sociável e passa por um dia ruim, tem que fingir harmonia e distribuir sorrisos pra não parecer “chato”.